quinta-feira, 30 de maio de 2013

A Gnose das Raízes


Alvitrada está a flecha.
Tenho metas,
Tenho anseios,
E pretensões.
Pois nada eu fiz (nem faço) em vão.

Mas as raízes me oprimem.
Esgalham-me as plumas,
Amordaçam-me a alma,
Vendam-me os gázeos.
E de oceano me cingem, longe das luzes.

Amparo, eu sei, bem…
Digo até que é amor.
Mas constrange, inebria
Como a névoa baixa ao alvorecer.
E me agrilhoam no orbe que não me incumbe.

Até quando será assim?
Escoar-se-á toda a areia da ampulheta,
E nada deveras fui?
E agora?
E depois?

Agrilhoaram-me ao reflexo no espelho
De devaneios projetados em mim.
Não  alcançam que sou um comum mortal
Nesta humilde forma, enclausurado aqui…
E sei que tenho muito para compor, perto das luzes, e vou. 

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Lisbon revisited, 2013

São dez.
São dias.
São noites.
São-lhe momentos, 
Somente.

São de álcool.
São de éter.
São de pecado.
São-lhe drogas:
Simples cocaína.

São loucos.
São amigos.
São sonhadores.
São sonhos,
Sobre a vida.

São espelhos.
São luzes.
São sorrisos.
São cumplicidades,
Sinceridade no olhar.

São dez dias.
São amigos sonhadores.
São espelhos e luzes.
São isso tudo,
Sempre em Lisboa.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

A Alquimia do Efémero


Porque tudo tem um fim,
Porque nada é eterno
Neste mundo, suponho,
O eterno é intragável.

Do instinto brota
(O prazer)
É tudo o que desejamos,
(O prazer)
Seja carnal, místico, espiritual,
(O prazer)

Porque sou assim,
Porque sou homem,
Sou carne, sou espírito.
Sou físico, sou metafísico.

Deveras não me esquivo
(Do prazer)
Fui concebido e criado
(No prazer)
Vivo pela carne e pelo espírito
(Para ter prazer)

O sumo criador
A perfeita criação
Almejam prazer,
Eterno ou efémero.

sábado, 4 de maio de 2013

Nascido para...

http://www.tumblr.com/tagged/sexy%20hipster%20boy

É uma constante dúvida.
É um constante temor.
Ora vivo para estar aqui.
Ora almejo estar por lá,
Um dia.

E enquanto isso a areia escorre.
E pela ampulheta o tempo escoa.
Piscamos os olhos e o verão já passou.
Piscamos os olhos e a vida já se foi,
Num só dia.

Nem nada eu fui.
Nem nada eu fiz.
Procuro pelo alvo por aqui.
Procuro alcançar o alvo de lá,
Quem sabe um dia.

A verdade é uma dúvida que paira.
A vida passa, enquanto isso, por enquanto.
De branco o topo começa a pintar-se.
De olhos fechados miro além-mundo,
Que (quiçá) um dia será meu.