Hoje eu não
vou dormir,
Vou estar
aqui antes do sol nascer.
Hoje pode até
se avermelhar a esclera:
Vou privar o
meu sono e sonhar acordado.
Hoje eu não
vou dormir,
Vou até ver
se há café para beber.
Hoje ninguém
vai estar à minha espera:
Vou ver a
lua se apagar sorrindo, aluado.
De tempo a
tempo eu olho para a claraboia.
Estou à
espera do clarão de alvorada.
Ouço uns
barulhos estranhos, que paranoia!
Será uma
vizinha que ainda está acordada?
Hoje eu
tenho que ir à rua,
Vou à botica
buscar o meu preparado.
Hoje a minha
mãe faz aniversário, é verdade!
Vou pensar
em algo bonito para poder lhe dizer.
Hoje eu
tenho que ir à rua,
Vou com
prazer, estou saindo com agrado.
Hoje, ser for
à Mercês, não quero ver o abade!
Vou tentar
ir cedo se for preciso para me tolher.
De tempo a
tempo eu olho para a claraboia.
Estou à
espera do clarão de alvorada.
Ouço uns
barulhos estranhos, que paranoia!
Será a minha
irmã que já está acordada?
(Eu acho que não vou conseguir…
Uaaaah,
que sono.
Mas eu não
vou dormir!
Tic-tac... Zzz…)