Talvez por comiseração do eco estampado no espelho, sustento com os braços as paredes pútridas do porão prestes a ruir, pois é nos alicerces onde está a putrefação. Mesmo a ponderar que possas estar sob um camufle, espero imerso, com a âncora no pescoço, no fundo deste mar. Aguardo que chegues, tal como prometeste, e que me libertes da âncora que me cinge às sereias, quais frutos do mar, dos quais me embebedo, sem pudor. Pois de tantos, encantos, desencantos e cantos, aqui, submerso, inebrio-me e desfruto, prazerosamente. Receio que o prazer fecunde o meu coração, revestindo-me o coração em madrepérola. E aguardo ainda que me leves à margem, envolto em teus braços, para que me ensines a respirar o ar puro, para que me mostra o fogo e para que me incendeies também, como prometeste. Ciente do preço a pagar, se ao mirar-te os olhos, não forem estes de vidro, mesmo antes de a semente germinar e brotar do solo fértil, eu farei qualquer pacto... Abrirei a minha concha e entregar-te-ei a minha pérola.
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